Reconhecida como um transtorno mental, a ansiedade resultou em 4.517 afastamentos do mercado de trabalho na Bahia durante o ano de 2024. A depressão, por sua vez, motivou 3.313 licenças concedidas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no mesmo perÃodo. Esses números representam os maiores Ãndices registrados em todo o Nordeste brasileiro, ocupando a oitava posição no ranking nacional.
Através do Ministério da Previdência. Em uma reportagem especial publicada nesta segunda-feira (10), o portal destacou que o Brasil registrou um total de 472.328 licenças médicas por transtornos mentais e outros problemas relacionados. Esse é o maior Ãndice desde 2014, com um aumento de 68%, evidenciando uma crise de saúde mental no paÃs.
Embora transtornos como psicose (CID F29), transtorno de personalidade (F60) e dependência de cocaÃna (F14) sejam comuns em outros estados, não figuram entre os casos mais recorrentes nos locais de trabalho da Bahia. É importante notar que os dados referem-se a licenças e não ao número de indivÃduos, o que significa que um trabalhador pode ser contabilizado mais de uma vez se tiver se afastado em diferentes ocasiões.
A psicóloga Daiane Bispo observa que esse cenário é refletido no processo terapêutico de muitos de seus pacientes. Ela enfatiza que a sobrecarga emocional e as condições laborais têm um impacto significativo no bem-estar dos indivÃduos.
Diversos fatores estão diretamente relacionados ao aumento dos afastamentos, incluindo a instabilidade econômica, a precarização das relações de trabalho, o aumento da carga horária, a desigualdade social e as condições de trabalho que elevam os nÃveis de estresse. Além disso, a dificuldade em equilibrar a vida profissional e pessoal reforça a necessidade de polÃticas públicas que promovam a saúde mental.
Daiane também destaca que as mulheres são as mais afetadas por esses transtornos, especialmente devido à dupla ou tripla jornada de trabalho, além das pressões sociais e desigualdade salarial.
Por outro lado, a psicóloga observa que o aumento no número de afastamentos do trabalho pode refletir um crescimento na procura por ajuda e tratamento, indicando um avanço na forma como a sociedade lida com questões psicossociais.
Psiquiatras e psicólogos consultados pelo g1 apontam que o recorde de afastamentos no Brasil está intimamente ligado à situação do mercado de trabalho, caracterizada pela insegurança financeira e aumento da informalidade, assim como ao impacto da pandemia de Covid-19.
Entre os trabalhadores atendidos pelo INSS, 64% são mulheres, com idade média de 41 anos. Elas costumam ficar afastadas por até três meses, recebendo cerca de R$ 1,9 mil por mês. Fatores como menor remuneração, sobrecarga com o cuidado da famÃlia e a violência ajudam a explicar por que a população feminina é a mais afetada por transtornos mentais.
Diante desse preocupante panorama, o governo federal atualizou a Norma Regulamentadora nº 1, que estabelece diretrizes de saúde no ambiente de trabalho. Com isso, o Ministério do Trabalho assumiu a responsabilidade de fiscalizar os "riscos psicossociais" na gestão de Segurança e Saúde no Trabalho.
Na prática, isso significa que as empresas podem ser multadas caso o poder público identifique problemas como metas excessivas, jornadas de trabalho extensas, assédio moral e condições precárias de trabalho.
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